8 de maio de 2015

Resenha | As Aventuras de Pi - Yann Martel

Título: As Aventuras de Pi
Autor: Yann Martel
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 376
Ano: 2012
Adicione: Skoob
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Um dos romances mais importantes do século, As aventuras de Pi é uma narrativa singular de Yann Martel que se tornou um grande best-seller. O livro narra a trajetória do jovem Pi Patel, um garoto cuja vida é revirada quando seu pai, dono de um zoológico na Índia, decide embarcar em um navio rumo ao Canadá. Durante a viagem, um trágico naufrágio deixa o menino à deriva em um bote, na companhia insólita de um tigre-de-bengala, um orangotango, uma zebra e uma hiena. A luta de Pi pela sobrevivência ao lado de animais perigosos e sobre um imenso oceano é de uma força poucas vezes vista na literatura mundial.


Piscine Molitor Patel (Pi Patel) é um garoto indiano de dezesseis anos, filho do dono de um zoológico. Piscine recebeu este nome em homenagem a piscina Molitor de Paris, muito elogiada por Mamaji, nadador e amigo da família.

Convenhamos que com um nome um tanto quanto peculiar, Piscine acabou sendo alvo de diversas brincadeiras de mau gosto durante a adolescência. Mas essas não foram as suas maiores dificuldades na vida. Em meados de 1970 a situação política da Índia era incerta e as tensões cresciam. Foi então que seus pais decidiram deixar Pondicherry para trás e iniciar uma nova vida, dessa vez no Canadá. 

A família Patel embarcou no cargueiro japonês Tsimtsum no dia 21 de junho de 1977, mas a longa viagem não saiu como o esperado.
''As coisas não correram como se esperava, mas o que se pode fazer? Temos de encarar a vida do jeito que ela se apresenta e tentar tirar o melhor proveito dela.''   Pág. 117

Após perder toda a família com o naufrágio do navio, Pi está em uma situação desafiadora. Tudo o que ele tem são um bote e uma tripulação indesejada de sobreviventes: um tigre-de-bengala, uma hiena, um orangotango e uma zebra. Como um simples garoto de dezesseis anos conseguirá sobreviver por meses a essa angustiante jornada? É o que descobriremos ao longo do livro, que levará o leitor a acreditar nas mais remotas possibilidades da vida.


Acredito que o único porém do livro foi a leitura arrastada, devido ao detalhismo da história. A narrativa em primeira pessoa realizada por Pi é dividida em três partes principais. Dessa forma, nos primeiros capítulos há uma mescla do antes e depois (sua vida e lições em Pondicherry e Toronto), e nos deparamos com fatos mais teóricos a respeito de zoológicos e animais. Aos poucos também vamos sendo introduzidos na relação de Pi com as religiões.

Nascido como hindu, aos poucos o garoto vai tendo contato com outras religiões e passa a praticá-las também. Tornando-se hindu, cristão e muçulmano, Pi é pressionado a ter de escolher apenas uma e adorar a um só Deus, mas para o garoto, isso não é necessário. Torna-se apenas uma demonstração do tamanho de sua fé, que independente de todas as dificuldades, nunca foi perdida. 

Apesar das diversas teorias e fatos apresentados por Pi parecerem massantes ao leitor, tudo acaba tendo seu propósito dentro do futuro desenvolver da história e da sobrevivência do garoto, sendo que o detalhismo ainda que cansativo, nos trará uma visão mais clara das incríveis situações que Pi vivencia em alto mar. 


Se vendo em circunstâncias difíceis, o garoto vegetariano que conhecemos inicialmente é forçado a deixar de lado algumas de suas crenças pelas leis da sobrevivência. Assim, é perceptível a mudança e amadurecimento do protagonista ao longo de sua travessia. 

Acima de tudo, somos agraciados com uma incrível lição de vida. Apesar dos seus poréns, a obra consegue mexer com os sentimentos do leitor e o faz refletir sobre questões que muitas vezes deixamos passar.
''Não contei os dias, as semanas ou os meses. O tempo é uma ilusão que só faz nos deixar ofegantes. Sobrevivi porque esqueci até mesmo a noção de tempo.''   Pág. 226

Fé e força de vontade são as palavras-chave que define Pi Patel e sua jornada em As Aventuras de Pi. Yann Martel conseguiu criar uma obra que nos fará acreditar na extraordinariedade do impossível, sem nunca perder as esperanças.

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